…
A verdade é uma só
O lobo é mesmo lobo
Mesmo vestido de avó
…
(Trovante)
Dias conturbados, estes.
Dias de tempestade.
Algo vai mal no coração do império.
Falo, claro, dos recentes desenvolvimentos da crise do sistema financeiro norte-americano.
É um tema que não me seduz particularmente.
Que não abordaria, não fosse o carácter excepcional da recente operação de resgate da AIG.
Que não altera em nada a minha antiga convicção de que caminhamos para uma crise.
A minha convicção de que o sistema capitalista caminha a passos largos para uma crise sem precedentes.
Sabia-o antes. Não precisei de mal explicadas falências, nem de atabalhoados resgates para o confirmar.
É inevitável, e é inerente ao próprio sistema.
Por muitos floreados que se inventem, o capitalismo visa apenas a maximização do lucro.
Não procura equilíbrios. Vive precisamente do desequilíbrio. Da exploração.
Aplicando esta lógica a um sistema de recursos limitados, a consequência inevitável será a exaustão, o desastre.
Não existe, nem pode existir capitalismo de rosto humano.
Não existe, nem pode existir, controlo eficaz sobre um sistema desta natureza.
É contra-natura.
É na sua essência um sistema autofágico. que se consumirá, inevitavelmente.
Quando?
Dependerá essencialmente da capacidade adaptação que demonstrar face a situações de crise, mais ou menos previstas.
Não é de hoje, a adopção pelo sistema capitalista de medidas tipicamente socialistas, como forma de acalmar tensões sociais e de ultrapassar crises.
Já o vimos antes. Durante todo o Século XX foi assim.
Surpreendeu-me, no entanto, ver a conservadora administração Norte-Americana lançar mão de uma das mais odiadas ferramentas socialistas: A Nacionalização.
Esse pecado capital, essa abominação de natureza, esse atentado contra a propriedade privada, supremo e inalienável direito capitalista.
Durante dias a imprensa chamou-lhe operação de salvamento, injecção de capital, e outros eufemismos.
Compreende-se.
Nacionalização é típica do louco Chavez. Não de Bush.
Mas, por muitas voltas que tentemos dar, quando o estado injecta dinheiro numa empresa, recebendo em troca 80% desta, do que se trata é de uma nacionalização.
E, este recurso desesperado a tão drástica medida, revela com clareza cristalina a profundidade da crise instalada.
Será ultrapassada? Creio que sim.
Com sacrifícios para os suspeitos do costume, mas sim, será ultrapassada.
Esta e as seguintes, que virão.
Resta saber quantas mais…
Pedro Rui
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